Mas afinal, o que aconteceu?

Dizem que trabalhar em publicidade e marketing no Brasil, nos dá uma sensação de que os dias passam devagar e os anos depressa. Mas nesse 2016, que se encerra agora, o ano parecia não acabar.

Foi um período duro, onde focamos na sobrevivência e baixamos nossas ambições e aspirações corporativas, com excesso de decisões táticas e escassez estratégica. Passamos o tempo todo mais preocupados com o fim do mês que com o fim do mundo.

Mas na verdade foi um ano importante para todos nós. Um ano de mudança de ciclo, um rito de passagem onde estamos dando início à reconstrução de um novo Brasil. As dores de parto que sentimos é porque estamos trocando o país dos espertos pelo país dos honestos. E isso não se faz sem muita resiliência, luta e sacrifício.

No nosso setor de propaganda, essas dores foram sentidas ainda mais. A razão disso é que estamos enfrentando duas crises simultâneas: uma crise conjuntural, econômico/financeira que se soma a uma crise estrutural de modelo de negócio.

Poucos setores da economia estão precisando revisar seus conceitos e paradigmas quanto nós. Poucos segmentos de atividade estão sendo impactados pela tecnologia quanto o marketing e a comunicação publicitária.

Há os que negam a realidade e há os que a enfrentam. Há os que preferem não ver e os que vendo, preferem reagir. Há os que fazem acontecer, os que assistem acontecer e os que perguntam o que aconteceu? E esses últimos são, infelizmente, a grande maioria.

Num mundo em acelerada mudança, empresas e segmentos inteiros de atividade não morrem somente por fazer algo errado e sim por fazer algo certo por um tempo longo demais. Daqui para a frente precisamos agir de maneira efêmera para continuarmos perenes. Se atuarmos de maneira perene, presos a nossas crenças e valores do passado, corremos um grande risco de ficarmos efêmeros.

Até pouco tempo atrás, liderar uma organização e planejar seu futuro era como um GPS. Sabíamos onde estávamos, tínhamos noção de onde queríamos chegar e definíamos o caminho até lá. Agora nossa missão é como Waze. Sabemos onde estamos e onde queremos chegar, mas o caminho vai se alterando o tempo todo conforme as circunstâncias. Não devemos temer mudanças. Devemos, sim, mudar os que temem.

Por isso, o momento é de união. A fase não é de lutas individuais e segmentadas mas de esforços coletivos. Um bom negócio é aquele em que os dois lados perdem: perdem o medo de ouvir, perdem as suas verdades absolutas e perdem a vontade de fazer o melhor negócio do mundo. E esse desprendimento deve permear nossas atitudes daqui para a frente.

Na disputa entre mídias tradicionais e digitais a solução é a adição e não substituição. O mundo nos deu mais opções, não para trocar e sim para somar e ampliar. E, assim, as mídias digitais vêm se integrar às tradicionais num processo exponencial e generativo de resultados.

Alguém que nos inspira já disse que tudo vale a pena quando a alma não é pequena. E quando nossas ambições não forem pequenas, também.

Gestão nada mais é que a capacidade de dividir nosso tempo com sabedoria entre pendência e tendência. O desafio é que as pendências são tantas que elas nos afastaram das tendências. Está na hora de voltarmos a ser gestores de fato e de direito, e não apenas chefes de plantão.

Dizem que depressão é excesso de foco no passado, stress é excesso de foco no presente e ansiedade é excesso de foco futuro. O problema é que nesta fase do mundo, o passado está distante, o presente é fugaz e o futuro está bastante incerto. Mas o que precisamos fazer é aprender com o passado, enfrentar o presente e nos preparar para o futuro. Seja ele qual for.

Está em nossas mãos desenhar o futuro da comunicação publicitária e do marketing em nosso País. E, para isso, devemos estar não apenas abertos, mas engajados nessa busca por novos caminhos.

Texto por Walter Longo, Presidente Executivo no Grupo Abril.

Mais em

Publicidade

Newsletter

Ao se cadastrar você declara concordar com nossa Política de Privacidade.