Semana passada aconteceu o evento Cannes Winners 2017. Esse encontro é realizado pelo Estadão, e homenageia os vencedores das categorias de publicidade do Cannes Lions. As agências brasileiras trouxeram mais de 90 leões para casa. Além desse tributo, a cerimônia discute o mercado da publicidade.
Alguns dos grandes nomes da publicidade, como Danielle Bibas (Avon), Ale Lucas (Bossa Nova Group), Pedro Bullos (África) e Filipe Cuvero (Dentsu – Brasil) comentaram sobre as campanhas vencedoras. Algumas das campanhas que mais se destacaram foram aquelas que tentaram mudar o pensamento do público.
No painel de discussão, Filipe Cuvero usou o exemplo da campanha que a Dentsu fez para o aplicativo japonês Family Way. O aplicativo faz testes de fertilidade em homens. O vídeo da campanha começa explicando que 48% dos problemas de infertilidade parte do lado masculino. Essa campanha tirou o tabu de que as mulheres eram unicamente responsáveis pela fertilidade do casal.
Não somente mudar o pensamento da sociedade. A publicidade deve também contar histórias e transformá-las em negócios. Foi o principal ponto da fala de Pedro Bullos, que contou o case da agência Africa.
Dois criativos assistiram uma entrevista do jogador de basquete, Oscar Schmidt, onde ele contava porque nunca jogou na NBA. Na época ele participou do DRAFT – evento anual, onde os trinta times da NBA podem recrutar jogadores elegíveis – se ele assinasse contrato com o time que o tinha escolhido, o New Jersey Nets, não poderia jogar na seleção brasileira. Com essa regra, Oscar desistiu de jogar na NBA, para jogar na seleção.
Essa entrevista despertou a ideia de conseguir com que o veterano jogasse um jogo na NBA. Partindo daí, eles conseguiram levar o Oscar para jogar o All Stars Game, e rendeu uma campanha para a marca Budweiser. “Temos que incentivar as boas ideias, e transformá-las em negócios” disse Pedro Bullos.
Atualmente, querer vender a sua marca não é tão simples. A criatividade é a coisa mais importante para contar histórias. Para contar essas histórias, a publicidade precisa do incentivo de seus clientes. As marcas não podem esperar a criatividade apenas da agência, mas também devem aplicá-la em outras áreas.
Para as grandes marcas, fica cada mais difícil criar um conteúdo que seja original e movimente as massas. O exemplo que a Danielle Bibas, da Avon, usou para exemplificar essa dificuldade foi o da loja britânica John Lewis. Uma loja de departamentos da Inglaterra, que investe todo o lucro do Natal na campanha para o Natal do ano que vem. Para cada dólar investido, ganha oito dólares. E o vídeo de Natal da loja é geralmente o vídeo mais famoso do final do ano.
https://www.youtube.com/watch?v=sr6lr_VRsEo
O ponto principal da palestra de Danielle, foi que pra criar boas peças, é preciso tempo e uma equipe focada em alcançar o melhor resultado. A John Lewis, tem uma equipe focada somente na campanha de Natal.
A palestra do sócio-diretor da Bossa Nova Produção, Ale Luccas, foi sobre a produção audiovisual da publicidade brasileira. O desempenho nas outras categorias foi muito bom, porém no audiovisual, não conseguimos destaque. O Festival de Cannes é responsável pela deslanchada da publicidade brasileira.
Em nada a produção de conteúdo publicitário brasileiro deve aos estrangeiros. Então, porque a nossa produção audiovisual não se torna diferenciada? Essa discussão foi levantada por Luccas, onde ele provocou as agências, para investir mais na produção de audiovisual.